domingo, 23 de outubro de 2016

Exercício intuitivo é prevenção!



O exercício intuitivo surge para fazer oposição ao exercício chamado pela literatura científica como disfuncional. Praticar exercícios na nossa sociedade é sinônimo de ser saudável. No entanto, quando o exercício é associado a uma mentalidade de dieta + extrema insatisfação corporal, o exercício é motivado, muitas vezes, por pensamentos intrusivos, neuras, feito com obrigação, para queimar calorias, e aliviar a culpa de uma "permissão alimentar. Exercício disfuncional significa praticar exercícios de forma excessiva, compulsiva, obrigatória e patológica, logo, está longe de ser uma prática plenamente saudável.

É comum as pessoas (e os profissionais de saúde) não encararem essa atitude em relação ao exercício como um problema. Porém, esse caminho pode ser perigoso e deve ser encarado como um sinal de alerta para uma ação preventiva.

Vale ressaltar que esse comportamento é diferente de uma prática classificada como dependência ao exercício. Pesquisadores sugerem que seja excluído o risco para transtornos alimentares de quadros de dependência ao exercício (dependence exercise e/ou addicted exercise). Nem sempre a prática disfuncional de exercício está ligada a um transtorno alimentar. Há estudos mostrando que algumas pessoas podem se tornar "viciadas" pelo exercício devido a ação de neurohormônios no eixo hipotalâmico-hipofisário (atuando em glândulas endócrinas importantíssimas para o nosso organismo). As pesquisas estão avançando para um consenso, mas nada oficialmente formalizado por organizações de saúde internacionais, ainda há muito para ser estudado nesse campo. 

O exercício intuitivo é uma abordagem preventiva, com foco na saúde e não na doença. É um convite para a gente refletir a respeito da prática de exercícios e poder usufruir plenamente de todos os benefícios que a prática regular e adequada desperta na nossa saúde.

Algumas sugestões de artigos científicos para saber mais:

Hausenblas, H. A. & Downs, D. S. (2002). How much is too much? The development and validation of the exercise dependence scale. Psychology & Health, 17(4), 387-404. 

Hausenblas, H. A., Cook, B. J. & Chittester, N. I. (2008). Can exercise treat eating disorders? Exercise and sport sciences reviews, 36(1), 43-47.

Todos os artigos da equipe norueguesa referência no assunto: Sundgot-Borgen e Bratland-Sanda.